Meu filho chora por tudo: quais são as razões e como lidar?

O choro da criança, na maioria das vezes, pode ser interpretado como uma resposta a diversas situações, seja por não ter uma necessidade atendida, por desconforto físico ou mental, ou ainda como uma forma de expressão primitiva que é inerente ao seu desenvolvimento.

E é comum ouvir de famílias que ‘Meu filho chora por tudo e o tempo todo’, uma situação sem dúvida frustrante e cansativa, principalmente para o cuidador que passa a maior parte do dia com a criança. O ponto central é conseguir entender o que isso significa e, principalmente, aprender ferramentas para lidar de forma consciente.

Quando a criança chora por tudo, a associação mais comum são as birras, que de fato são uma das causas mais comuns, mas não a única.

Quando uma criança ainda não sabe falar, entender a causa do choro é muito difícil, e mesmo quando ela começa a verbalizar, pode ser um desafio, especialmente se considerarmos que o choro pode ocorrer por motivos que, aos olhos dos adultos, parecem irracionais.

Sobre esse tema, separamos algumas dicas para ajudá-lo a entender por que seu filho chora tanto, como lidar com a situação de forma adequada e o que é fundamental compreender durante esse processo. Continue lendo!

Por que a criança chora por tudo?

Crianças choram por uma variedade de razões, e entender esses motivos pode ajudar os pais a lidar com esses momentos de forma mais eficaz. Chorar é uma forma natural e saudável de expressar emoções e pode servir como um mecanismo de adaptação para situações estressantes ou frustrantes.

Segundo Deborah MacNamara, uma especialista em ciências do desenvolvimento, as lágrimas são uma resposta ao sentimento de futilidade diante de uma situação indesejada. Isso pode começar como uma resposta agressiva a um evento frustrante, como ser negado um pedido (por exemplo, um biscoito ou tempo extra na frente de uma tela), mas eventualmente se transforma em tristeza à medida que a criança processa a futilidade da situação e se move em direção à aceitação e adaptação.

Deborah MacNamara

Além disso, a frequência e intensidade do choro podem diminuir à medida que as crianças crescem e desenvolvem habilidades de comunicação mais avançadas.

Inicialmente, bebês e crianças pequenas usam o choro para alertar os cuidadores sobre necessidades imediatas, como fome, dor ou desconforto. À medida que as crianças amadurecem, elas aprendem a usar palavras para expressar suas necessidades e sentimentos, o que pode diminuir a frequência do choro​.

Reconhecer que o choro pode ser um sinal de questões emocionais mais profundas é crucial, especialmente em crianças em idade escolar. O choro recorrente pode indicar uma falta de habilidades para gerenciar emoções adequadamente.

Essa dificuldade pode se intensificar em ambientes sociais, onde o choro pode levar a estigmatizações, como ser percebido como imaturo ou pouco atraente socialmente, o que por sua vez pode resultar em isolamento social ou bullying.

Para auxiliar os filhos a lidar melhor com suas emoções, os pais podem ensinar técnicas de autocontrole eficazes. Práticas como respiração profunda, contar até um número específico, ou simplesmente se afastar por um momento da situação estressante podem ser valiosas. Esses métodos ajudam as crianças a recuperarem a calma e a enfrentarem melhor os momentos que provocam o choro.

É vital que os pais validem os sentimentos dos filhos, aceitando o choro como uma expressão genuína de suas emoções, ao mesmo tempo em que os apoiam no desenvolvimento de resiliência e habilidades para superar frustrações e desafios do cotidiano.

Como lidar com o choro frequente?

Lidar com o choro frequente de crianças pode ser desafiador para pais, professores e cuidadores. Aqui estão algumas estratégias baseadas em insights científicos e conselhos de especialistas em comportamento infantil que podem ajudar a manejar essas situações:

Entender as causas

As crianças choram por diversos motivos, e entender essas causas pode ajudar a mitigar os episódios de choro. Cansaço é um fator comum; manter uma rotina de sono regular pode evitar crises de choro por fadiga. A fome também provoca lágrimas; oferecer lanches regulares e saudáveis pode ajudar.

Ambientes superestimulantes, como festas ou parques, podem sobrecarregar as crianças, então, encontrar um local tranquilo pode acalmá-las. O estresse de uma agenda lotada é outra causa; assegurar que a criança tenha tempo para relaxar é essencial. Por fim, o choro pode ser uma busca por atenção; dedicar tempo de qualidade diariamente e reforçar comportamentos positivos pode reduzir essa necessidade.

Compreender e responder adequadamente a essas situações ajuda a criança a lidar melhor com suas emoções.

Validação emocional

Os especialistas em desenvolvimento infantil enfatizam a importância de validar os sentimentos da criança em vez de simplesmente tentar silenciá-la. Reconhecer e nomear os sentimentos da criança (“Vejo que você está triste porque não pode brincar agora”) ajuda a criança a entender suas próprias emoções.

Ensinar habilidades de regulação emocional

Técnicas de respiração, uso de palavras para expressar sentimentos e estratégias de distração podem ser ensinadas mesmo às crianças pequenas. Ensinar essas habilidades ajuda as crianças a desenvolverem autonomia sobre suas reações emocionais.

Consistência e rotina

Crianças se beneficiam de uma rotina previsível, que pode diminuir a ansiedade e os episódios de choro. Saber o que esperar do dia ajuda a criança a se sentir mais segura e menos propensa a crises de choro.

Tempo de qualidade juntos

Passar tempo de qualidade com a criança, seja brincando, lendo ou apenas conversando, pode fortalecer a relação e proporcionar à criança uma sensação de segurança e amor, reduzindo a necessidade de chorar para chamar atenção.

Ambiente calmo

Um ambiente tranquilo e livre de estímulos excessivos pode prevenir crises de choro. Crianças, especialmente as mais sensíveis, podem se sentir sobrecarregadas por ambientes barulhentos ou caóticos.

Resposta rápida e apropriada

Responder prontamente ao choro de uma criança, especialmente bebês e crianças pequenas, é crucial para que ela se sinta ouvida e cuidada. No entanto, é importante diferenciar entre responder e ceder a todos os desejos da criança, o que pode ensinar que o choro é uma maneira eficaz de conseguir o que quer.

Será que você precisa de ajuda de um profissional?

Determinar o momento adequado para procurar ajuda profissional para questões de comportamento infantil pode ser crucial para o desenvolvimento da criança. É aconselhável considerar uma avaliação profissional quando há mudanças significativas e atípicas no comportamento da criança, como isolamento social, agressividade súbita ou medos intensos.

Problemas persistentes de comportamento que não melhoram com as intervenções dos pais também são um sinal de alerta.

Dificuldades acadêmicas ou de interação social consistentes, que afetam negativamente o bem-estar emocional ou social da criança, podem requerer assistência especializada. Além disso, crianças que experienciam reações prolongadas a eventos traumáticos, como a perda de um ente querido ou um acidente grave, podem se beneficiar significativamente de apoio profissional.

Recomendações de professores ou outros cuidadores sobre a necessidade de avaliação profissional também devem ser levadas a sério. Sintomas físicos recorrentes, como dores de cabeça ou estomacais sem causa médica aparente, podem ser indicativos de estresse emocional e também justificam a busca por ajuda.

A intervenção de profissionais como psicólogos infantis, pediatras e conselheiros escolares pode ser fundamental para ajudar a criança a navegar por esses desafios de forma saudável.

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