O que dar primeiro na introdução alimentar?

A introdução alimentar faz parte do processo de desenvolvimento, crescimento e aprendizado do bebê, quando são oferecidos outros alimentos de modo a complementar a amamentação. É uma etapa de grande importância, que deve ser realizada no momento adequado.

Tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida, sem qualquer outro alimento líquido ou sólido, pois isso pode acarretar no desmame precoce e em riscos para a saúde do bebê. Confira mais detalhes sobre o assunto no artigo a seguir. 

Aleitamento materno exclusivo até os seis meses

O alimento mais completo para os primeiros anos de vida de uma criança é, sem dúvidas, o leite materno, importante fonte de carboidratos, proteínas, gorduras boas, vitaminas e minerais.

Além disso, é muito rico em anticorpos e bactérias probióticas, que contribuem tanto no desenvolvimento da imunidade do bebê, quanto na formação da sua microbiota intestinal.

Neném

Por essa razão, a recomendação de muitas entidades de saúde nacionais e internacionais visa o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida, já que durante esse período o sistema digestivo ainda não está preparado para digerir outros alimentos.

A partir desse momento, é seguro e indicado oferecer outros alimentos para o bebê como forma de complementar a sua dieta, em um processo chamado introdução alimentar.

Depois do sexto mês, o leite materno não é capaz de, sozinho, garantir todos os nutrientes que o bebê precisa para crescer e se desenvolver adequadamente.

Além disso, nessa fase o sistema imunológico da criança está mais forte e resistente para combater eventuais infecções ou alergias decorrentes do contato com novos alimentos. 

Confira no tópico a seguir quais os principais alimentos a serem oferecidos durante a introdução alimentar. 

O que oferecer na introdução alimentar? 

Quando a criança completa seis meses de vida, os pais ou responsáveis devem introduzir, aos poucos, outros alimentos para complementar a dieta.

Nutricionistas recomendam que inicialmente sejam oferecidas três refeições ao dia: papa de fruta no meio da manhã, papa salgada no almoço e novamente papa de fruta no meio da tarde.

Ao completar sete meses, a criança deverá receber duas papas de frutas (manhã e tarde) e duas papas salgadas (almoço e jantar). A água, filtrada ou fervida, deve ser introduzida nos intervalos das refeições.

As papinhas podem ser oferecidas de maneira regular, mas não é necessário seguir os horários rígidamente. Basta que as refeições sejam realizadas com intervalos de duas a três horas, o suficiente para que a criança sinta vontade de se alimentar.

Naturalmente, alguns alimentos podem ser rejeitados, mas não é necessário insistir. Deixe para oferecer o alimento novamente em uma outra ocasião. 

O ideal é proporcionar ao bebê uma alimentação rica em proteínas, carboidratos, gorduras, zinco, vitaminas e ferro. Para isso, é preciso combinar hortaliças e frutas, carnes e ovos, cereais, tubérculos e grãos, de modo a garantir tudo o que a criança precisa para um crescimento adequado. 

As refeições devem ser preparadas, desde o início, de modo que fiquem espessas, assemelhando-se a papas ou purês. Não é recomendado bater os alimentos no liquidificador para que a comida não fique muito fina.

Isso ajuda a estimular a mastigação da criança, o que ajuda na adaptação e garante a oferta adequada de todos os nutrientes. É importante oferecer diferentes consistências de maneira gradativa, o que possibilita que a criança aprenda a mastigar com a gengiva, contribuindo com a futura dentição. 

Papinha de frutas: não bata em liquidificador

Ao começar a introdução alimentar, as frutas devem ser raspadas ou amassadas com garfo, e oferecidas na colher. Se aproximando do sétimo mês e à medida que a criança for aceitando, as frutas podem ser oferecidas em pedaços maiores. 

 A papa salgada para o almoço deve ser preparada com legumes e/ou verduras, juntamente com cereais ou tubérculos, carnes ou ovo e feijão, amassados no garfo e colocados separadamente no prato para que a criança possa reconhecê-los.

Essas são dicas fornecidas pelas nutricionistas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Não misturar os grupos alimentares permite que a criança experimente novas texturas e sabores, e aprenda a mastigar. Assim, ela passa a identificar o sabor dos alimentos e discriminar os movimentos de mastigação necessários.

A introdução alimentar deve ser gradativa, respeitando o paladar do bebê
A introdução alimentar deve ser gradativa, respeitando o paladar do bebê

Além dessas dicas, é bom sempre ter uma nutricionista acompanhando essa introdução alimentar. Em alguns berçários, é possível encontrar esse profissional, que ajuda essa introdução seguindo o planejamento dos pais.

A refeição salgada deve conter um alimento de cada grupo alimentar: 

  • Hortaliças (folhas verdes, abóbora, beterraba, quiabo, tomate, cenoura etc.);
  • Cereais e tubérculos (arroz, batata-doce, batata, inhame, macarrão, aipim etc.);
  • Carnes e ovos (frango, peixe, boi, pato, vísceras ou miúdos, codorna, ovos etc.);
  • Grãos (feijão, lentilha, soja, ervilha, grão-de-bico etc.).

Os alimentos devem ser bem cozidos e preparados especificamente para a criança, com pouca água e amassados com o garfo. Já as carnes devem ser desfiadas. Para temperar, use ingredientes frescos (salsinha, cebolinha, cebola, alho e pouco sal) e, ainda assim, sem exageros, pois o tempero deve ser suave.

Caso seja necessário usar óleo, dê preferência para os vegetais (como óleo de canola, soja ou milho), sempre em pequena quantidade. 

Não use temperos ou alimentos industrializados, apimentados, congelados ou processados. Também não é recomendado adicionar açúcar, mel, farinhas ou geleias nas frutas, e nem oferecer balas, gelatinas, chocolates, refrigerantes, biscoitos salgados ou recheados. 

Dê preferência aos alimentos de verdade na introdução alimentar do bebê
Dê preferência aos alimentos de verdade na introdução alimentar do bebê

Até o oitavo mês, é necessário introduzir alimentos como glúten, peixes e ovos de modo que o organismo da criança possa criar tolerância para evitar possíveis alergias. Dos 12 até os 24 meses, a criança deve continuar sendo amamentada e receber três refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches (fruta ou cereal ou pão).

Ao completar um ano, ela já pode receber a alimentação básica da família, exceto os alimentos industrializados, gordurosos e com excesso de sal. 

Quanto mais variedade, melhor!

Assim como para os adultos, a alimentação dos bebês que estão vivenciando a introdução alimentar também deve ser baseada em uma dieta com variedade de nutrientes e alimentos.

Papinha de legumes

Sendo assim, um novo alimento de cada grupo alimentar deve ser escolhido a cada dia para compor a papa salgada. Por exemplo, se um dia a hortaliça ofertada foi a cenoura, tente outra no dia seguinte, como a beterraba, e assim por diante. 

Nutricionistas orientam que duas frutas diferentes sejam oferecidas por dia, principalmente as amarelas ou alaranjadas que são ricas em Vitamina A. A mesma dica mencionada anteriormente também vale aqui: se pela manhã a criança comeu abacate, opte por outra à tarde ou à noite.

É altamente recomendado que carnes sejam disponibilizadas sempre que possível nas refeições. Vísceras ou miúdos podem ser oferecidos uma vez na semana, pois são ótimas fontes de ferro.

Já o ferro presente em vegetais folhosos e feijão será melhor absorvido se esses alimentos forem consumidos juntamente com aqueles que são ricos em vitamina C, como a laranja, limão, acerola e goiaba.

A variedade na alimentação é muito importante e deve ser estimulada desde a infância, de modo que a criança aprenda a comer vegetais, legumes e frutas diariamente. Esse é o caminho para que ela se torne um adolescente e um adulto saudável, com alimentação balanceada e paladar diversificado.

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