Como lidar com a teimosia da criança | Por: Paula Bilton (Psicóloga)
Você já parou para pensar que a teimosia é importante para o desenvolvimento infantil? Nós que muitas vezes “rotulamos” a teimosia como algo ruim, que o filho está nos desafiando, que está disputando o poder, mas na verdade ela é positiva. Assim como no caso da birra, a teimosia está ligada à autoafirmação. As crianças buscam ter suas vontades satisfeitas, e na verdade estão expressando a sua vontade, e é importante que ela consiga expor isso. Poderíamos mudar a palavra teimosia para determinação.
Tomamos essa “vontade” da criança, que muitas vezes julgamos como “erradas”, “difíceis” como um problema. Vamos pensar por outro lado, quando ele teve vontade de aprender a comer, andar, ele conseguiu! É pela vontade que ele vai aprender a ler e escrever… isso se chama motivação. Só damos o devido valor quando é algo positivo para nós. Eles estão descobrindo o mundo da forma deles, por isso alguns comportamentos serão de forma que consideramos inadequados. Precisamos entender esse processo para que não transforme essa vontade em algo negativo, em algo que punimos ou mesmo desqualificamos, minimizamos. O papel como mãe é ensinar o filho a canalizar essa vontade para coisas positivas, é ensinar que alguns “quereres” desrespeitam a sociedade, nós pais, e a eles mesmos, e não são adequados, e está tudo bem ele querer.
É necessário apresentar a eles as regras que desejam ser cumpridas. Dar escuta a eles para entender o que estão sentindo, o que estão entendendo da situação. Combinados ajudam muito nesses momentos. Respirar e se acalmar antes de tentar resolver o conflito é fundamental. Isso dá às crianças o princípio de realidade e contribui para que elas se tornem adultos responsáveis e mais adaptados à sociedade.
Se seu filho está sendo teimoso, ele deve ter alguma razão. Pode ser por um motivo mais simples, como cansaço e fome, ou até algo relacionado com a falta de carinho e de escuta. Dessa forma, é necessário compreender a raiz do problema para conseguir resolvê-lo, caso contrário, a teimosia poderá continuar.
Para isto, pensei em algumas perguntas que podem ajudar a entender o que está acontecendo com seu filho:
- Mudou alguma coisa na rotina do meu filho?
Quando mudamos a rotina, em alguns momentos podemos causar o sentimento de insegurança. Esse sentimento altera nossa fisiologia, aumentando o cortisol e a criança não consegue se comportar de forma a cooperar.
- Esse é um comportamento típico da idade?
Busque informações! É só estudar para entender.
- Como os adultos se comportam?
Seu filho está imitando alguém? Sabemos sobre os neurônios espelhos, que mesmo sem querer somos copiados. É pela observação que eles aprendem a maioria das coisas. A criança faz de tudo para se encaixar, ter atenção e se sentir amada. E assim pode replicar um comportamento negativo padrão da família.
- As necessidades fisiológicas do meu filho estão satisfeitas?
Seja ela sono, fome, sede, dor.
- E as necessidades emocionais?
Você está tendo tempo com seu filho? Se pergunte e se observe. A criança necessita desse vínculo e ser ouvida. Se o tempo está curto em algum período, comunique ao seu filho o que está acontecendo. E veja formas de estar com ele em um outro momento.
- Estava acontecendo alguma coisa antes do mau comportamento acontecer?
É preciso olhar para o antes, ver o que estava acontecendo que pudesse contribuir para o comportamento aparecer. Muitas vezes elas explodem por um acúmulo de coisas que vivenciaram e não souberam lidar. Observe o ambiente e perceba o que deu o gatilho para tal resposta do seu filho, será importante.
- O que aconteceu depois do mau comportamento?
Será que ela teve o que ela queria? Será que ela teve minha atenção? Estou dando atenção necessária ao meu filho? Estou passando por algum momento difícil? Perceber o que ela ganha no mau comportamento, e pensar em alternativas para dar o que ela precisa sem ser no mau comportamento.